sábado, 21 de agosto de 2010

Monogamia e poligamia na Biblia - Critica ao site www.frutodoespirito.com.br

No site www.frutodoespirito.com.br, o pastor Denilson responde a uma carta de um internauta, que mandou um artigo por email questionando a posição da biblia sobre a MONOGAMIA e a POLIGAMIA.

Segue abaixo o texto na integra, e a seguir o email que eu recebi ao criticar a resposta do pastor Denilson ao internauta.



Fruto do espirito

A Letra mata!

Paz e bem,

Recebi este estudo em meu e-mail e me solicitaram que eu tecesse alguns comentários. Creio que publicar este estudo e os meus comentários posteriores será edificante, pois mostra claramente como o literalismo bíblico pode nos levar a conclusões que vão contra a vontade de Deus. E como o intelectualismo sem a inspiração do Espírito pode nos inchar.

Os erros do autor do artigo podem ocorrer com cada um de nós, pois quando nos rendemos aos nossos quereres passamos a ter como deus o nosso ventre e distorcemos o evangelho e a Palavra, para que diga aquilo que faça cócegas aos nossos ouvidos.

Todos nós precisamos ter cuidado com essas armadilhas.

Que a leitura lhe seja abençoadora.

Abaixo, o artigo:


Se é pecado a poligamia... por que Deus não revelou isso aos seus servos do passado e não os condenou?

MONOGAMIA - E – POLIGAMIA

Nesse assunto, vemos no mínimo o silêncio bíblico e, portanto o do próprio Deus, no sentido de ordens, determinações, ou mesmo proibições, em relação à BIGAMIA ou POLIGAMIA, que se tornaram um “bicho papão” para as diversas denominações religiosas, influenciando o poder público no sentido de criar leis que estabeleçam a MONOGAMIA, como o único caminho correto. Pelo contrário, temos poucos países no mundo moderno, que reconhecem e oficializam mais de um casamento para o homem.

Contrário a essa tendência hodierna, vemos na Bíblia, a normatização quando um homem tivesse mais de uma esposa;

A) – “Se lhe tomar outra, não diminuirá o mantimento, o vestido e a obrigação marital” (que pode ser entendido como: Sexual).........Êxodo 21:7 a 10;

B) – “Quando o homem tiver duas mulheres, uma a quem ama e outra a quem despreza e o primogênito for da desprezada, ... ao filho da desprezada reconhecerá por primogênito”................................................... Deuteronômio 21:15 a 17

(Veja que aqui regulamente o direito do primogênito, mas não proíbe 2 mulheres).

Analisemos vários exemplos de homens que tiveram mais de uma esposa, todos registrados na Bíblia;

1 – ABRAÃO: Teve Sara e Agar, e também concubinas.......Gên. 16 e 25:6

Se Deus conversava com Abraão, porque nunca o corrigiu nisso?

2 – JACÓ/ISRAEL: Casa com Lea, depois com Raquel, e toma suas servas como concubinas (Gênesis 35:22) e Deus continuou se comunicando com ele, conforme lemos em Gênesis 31:3, 32:1 e 46:3 e 4.

Se Deus se comunicava direto com Jacó, porque nunca o repreendeu pela POLIGAMIA?

3 – Moises casou com outra (Além de Zípora com quem tinha dois filhos, conforme Êxodo 2:21 e 22), com a mulher cusita, conforme Números 12.

Se Deus falava com Moises cara a cara, conforme o capítulo 12 de Números, porque no incidente da rebelião de Arão e Mirian, não repreendeu Moisés, mas só seus irmãos que o estavam criticando?

4 - Salomão: Este foi sem dúvida alguma, o campeão em número de mulheres entre esposas e concubinas, que totalizavam 1.000. Seu erro foi o número de mulheres?

Respondemos: Conforme os relatos em I Reis 11:1 a 13, e II Reis 23:13, vemos que seu pecado pelo qual foi advertido por Deus, foi a “IDOLATRIA” e não a poligamia.

5 – Davi, pai de Salomão, rei de Israel – o “HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO de DEUS”, quando reinou em hebrom, tinha seis (6) esposas, conforme encontramos em II Samuel 3:14, mais Mical, filha de Saul, e quando mudou seu governo para Jerusalém, teve mais mulheres e concubinas, conforme os relatos encontrados, em II Samuel 5:13 e II Samuel 11, mais Bate Seba, a mulher de Urias.

Perguntamos: A advertência que ele recebeu de Deus através do profeta Natã foi pela poligamia?

Respondemos: NÂO. – Foi advertido pelo adultério com Bate-Seba e o assassinato de Urias, marido dela.

** Podemos ser argüido então: Mas a partir da segunda esposa ele já não estava vivendo em ADULTÉRIO ? Então O QUE É ADULTÉRIO? Não é manter relações sexuais com uma mulher com a qual não é casado, ou com outra mulher além da esposa ?

Respondemos: A Bíblia nos responde, com Levítico 20:10, e Jeremias 29:23.

CONCLUSÃO: Adultério para o Homem é manter relações com mulher de outro homem (casada, portanto); Adultério para a mulher, é quando é casada, e se relaciona com outro homem (além de seu marido).

A) – Porque Deus incluiu o mandamento “Não terás mais de uma esposas?

B) – Porque Deus não advertiu; Abraão, Jacó, Moisés, Davi, Salomão, Gideão, e outros, que eram bígamos ou polígamos, com os quais Ele se comunicava diretamente ou por profetas?

OBS. 3 – Porque o ponto alto em todo o Velho Testamento, foi o de advertência quanto à IDOLATRIA, e não a Poligamia?

SUPER OBSERVAÇÃO: Porque Paulo estabelece a MONOGAMIA, como condições para os líderes religiosos (bispos e diáconos)?

RESPOSTA: Sem sombra de dúvida, era porque os membros praticavam... Caso fosse como é hoje, nem seriam aceitos como membros...

Que Deus sempre nos ilumine e guarde, até à volta de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo em glória.

Irmão '@@@@'


Resposta:

Paz e bem,

O tal artigo é eivado de equívocos. Centrado na Torah, nas leis e costumes judaicos e não nos princípios bíblicos. É equivocado em seu entendimento de que se não está explícito na Torah, então não é pecado. Ora, se assim o for, a pedofilia não é pecado, o consumo de drogas pesadas não é pecado. Deste modo também, a mulher pode cobiçar o marido da próxima, pois na Torah a proibição de cobiça sexual é restrita aos homens.

O autor questiona porque os polígamos como Abraão, Jacó, Davi e Salomão, entre outros, não foram censurados por Deus e faz do silêncio sinônimo de aprovação. Na sua ânsia por exemplos cita até Moisés como bígamo, coisa que jamais ficou clara no texto bíblico, a mulher cusita pode ter sido tomada depois do falecimento de Zípora.

O fato do silêncio bíblico jamais significou aprovação de Deus. Se assim o fosse o repúdio à esposa teria aprovação de Deus, pois está regulamentado na Torah. A escravidão não seria pecado, pois também está prescrita na Torah e nem Jesus, nem os escritos de Paulo a condenam diretamente.

Ora, tal coisa é absurda e totalmente destituída do espírito do evangelho. Se o autor do estudo deseja seguir a Torah e regrar sua vida por ela, deveria circuncidar-se e tornar-se judeu!

O cristão deve se guiar por Cristo, onde não há leis e sim princípios, ética e amor ao próximo.

Deste modo, é cristão um homem possuir mais de uma mulher? É digno para um homem que se diz cristão ter mulheres como quem coleciona objetos?

Qual é o princípio bíblico?

Deus fez Adão e quantas “Evas”?

Se o ideal bíblico fosse a poligamia, costelas era o que não faltariam!

“Portanto, deixará o homem pai e mãe e unir-se-á a sua mulher e serão uma só carne”. Unir-se-á à sua mulher, apenas uma, não é unir-se-á “às suas mulheres e serão uma só carne em grupo de três, quatro, cinco”. No evangelho segundo Mateus 19:5-6, Jesus deixa isto claro, “já não são mais dois, mas uma só carne”. Dois, não três ou quatro, formando uma só carne.

Ele continua seu festival de equívocos quando pega os escritos de Paulo a Timóteo (I Timóteo 3:1-7) para fazer ilações falaciosas. Segundo o autor do artigo, Paulo estabelece a monogamia como condição para os líderes religiosos porque os membros da igreja praticavam a poligamia, insinuando com isso que a poligamia não era censurada na igreja primitiva.

Ora, isto é uma falácia!

Primeiro porque se a poligamia fosse praticada sem censura, porque limitar a liderança apenas aos monogâmicos? O que o polígamos têm que os desqualifique ao ministério, senão o ato não cristão de possuir mais de uma esposa?

Segundo. Se o fato de Paulo recomendar que o líder seja monogâmico mostra que a poligamia era praticada sem culpa pela igreja primitiva, então, podemos afirmar também que a desonestidade, a cobiça, o espancamento, a avareza, entre outros, eram praticados pela igreja primitiva sem culpa, pois Paulo recomenda também que os líderes sejam honestos, não cobiçosos, não espancadores e não avarentos. É só ler o texto.

Como se não bastasse os argumentos acima para desqualificar este estudo, ainda temos a questão ética e o amor ao próximo.

Quanto à ética cristã, questionamos que dignidade humana uma mulher que divide seu homem com quantas ele desejar, enquanto ela tem de ser somente dele, pode ter?

Que princípio de justiça é este?

Se Deus não faz acepção de pessoas, que tipo de distinção é essa em que um se anula e o outro pode dar vazão aos seus instintos livremente?

Amar ao próximo é fazer com ele o que você gostaria que fizessem com você. E algum homem gostaria que sua esposa pudesse ter quantos homens quisesse na cama, enquanto ele só pudesse ter a ela?

Não há como entender isto como sendo cristão. Aliás, de cristão este estudo só tem as citações bíblicas, mais nada. Todas as suas conclusões são equivocadas e mostram mais do caráter de quem o escreveu do que da Palavra de Deus que ele presume compreender.

Fico extremamente triste quando vejo cristão que esquecem que o nosso foco é Cristo e se prendem à letra que mata. Não podemos esquecer que a chave para todo entendimento da Palavra é Jesus, Ele é o centro da nossa fé. Se não apontar para Jesus, se não testificar Dele, qualquer estudo sobre a Bíblia torna-se apenas mais um tratado religioso destituído de graça e de verdade. Pois só com Jesus vieram a Graça e a Verdade (Jo 1:17).

Como sempre digo a Bíblia é Palavra de Deus, mas também espelho do homem. Assim como sou, assim interpretarei a Bíblia. Quando esta distorção se respalda em capacidade intelectual e a simpatia pelo pecado, aí a coisa pode tomar contornos melancólicos, como é o caso deste estudo.

Que o Senhor tenha misericórdia de nós.

Pr. Denilson Torres
Ministério Fruto do Espírito
www.frutodoespirito.com.br



Segue abaixa a transcrição do email que eu recebi do pastor Denilson.


Re: Comentário sobre o artigo Letra que Mata
Domingo, 1 de Agosto de 2010 8:19
De:
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"Pr. Denilson Torres Torres"
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Para:
tioneobrasil@yahoo.com.br

Paz e bem,


Querido irmão,

Desculpe-me a demora em responder-lhe, mas infelizmente a enfermidade me acometeu este tempo e fiquei comprometido em meu trabalho aqui no Fruto.

Muito obrigado por seus comentários. Muito bem elaborados e extremamente lúcidos. Que Deus o abençoe ainda mais em busca de conhecimento.

No tocante ao que escrevi, não há na Bíblia nenhuma palavra condenando a poligamia e isto é fato. E é exatamente por isso que devemos discernir o ideal de Deus a partir dos subsídios que a própria Palavra nos dá. Do mesmo modo a Palavra não fala nada sobre abuso sexual contra crianças, nem fala nada sobre o uso de drogas pesadas. O que extraímos sobre o ideal de Deus em todos estes casos é baseados nos valores éticos que Jesus nos inspira e é assim que deve sempre ser, nunca com base em leis, mas fruto de reflexão com base na ética de Cristo que ao contrário do que você afirma eu considero muito clara.

Assim sendo a Palavra, no tocante ao tema poligamia não deixa dúvidas sobre qual é o ideal de Deus. E estes argumentos estão descritos no texto.

Referir-se à carta de Paulo como você se referiu é a meu ver um equívoco. Pois segundo o argumento usado por você, Paulo usa a expressão “convém” colocando assim uma condicional sobre tema como se tal coisa fosse apenas desejável e não obrigatória. Se assumir as últimas conseqüências deste argumento no restante do texto então também podemos concluir que “convém”, mas não é obrigatório, que ele seja cordato, “convém” que ele não seja avarento, “convém” que ele não seja violento, “convém” que ele seja modesto. Ora, então se estas coisas são apenas convenientes, mas não necessária, implica dizer que tal homem pode ser estúpido, avarento, violento e arrogante. Será?

A meu ver, o texto claramente especifica as qualidades mínimas de um cristão fiel para almejar o episcopado e não uma série de coisas que possam ser deixadas para trás, como o seu argumento defende. E se são qualidades mínimas, o mínimo que se espera de um cristão fiel é que seja esposo de uma mulher só.

O texto não pretende condenar a poligamia, pois longe de mim condenar aquilo que Deus não condenou explicitamente, mas é mostrar que ao contrário do que o estudo tenta defender, Deus não é indiferente a este tema e que há sim um ideal de Deus para o casamento e este ideal é claramente monogâmico.

Espero ter lançado mais luz sobre este tema,

Foi um grande prazer receber sua “provocação”, é sempre bom podermos aprofundar-nos mais nas coisas de Deus.

Que o Senhor o abençoe fartamente.

Receba minhas orações e escreva-me sempre que desejar.

Pr. Denilson Torres

Ministério Fruto do Espírito

www.frutodoespirito.com.br



Em 21 de fevereiro de 2010 21:13, escreveu:

Nome: Isaac Trindade da Silva
Assunto: Comentário sobre o artigo Letra que Mata
Telefone:
Mensagem: Ola Pastor Denilson

Descobri recentemente o site www.frutodoespirito.com.br
Tem sido muito edificante a leitura dos texto publicados, sempre baseado nas escrituras e não em opinião particular.

Até o momento que li o artigo "A LETRA QUE MATA!".

É evidente sua posição a favor da monogamia, mas ao meu ver voce falhou ao deixar que seus sentimentos com respeito a poligamia tomassem o lugar da razão, da imparcialidade, já que você se propõem a responder sempre baseado nas escrituras.

Você citou o texto de Mateus 19:5-6. Jesus tratava naquele momento sobre o divorcio e não sobre poligamia.

O autor do artigo não citou nenhum texto especifico.

Em Timoteo 3:1-7, Paulo diz que "Convem...que seja marido de uma só mulher". Não diz que "Deve ser marido de uma só mulher". Muitas mulheres acabam tomando um tempo que poderia ser usado no "episcopado". Portando, Paulo não estabeleceu a monogamia ali. Como você mesmo disse em outro artigo, o que Paulo diz não se torna "mandamento divino", é o que ele achava que devia ser o mais adequado. Mesmo no versiculo 12 que diz "Os diaconos sejam maridos de uma mulher...", não se trata de uma regra, mas sim de um conselho de Paulo.

Você falou em "Ética cristã". Ao meu ver não existe ética cristã, existe "ética do cristão". O que parece adequado pra um, outros acham inadequado. Basta lembrar a quantidade de doutrinas, e igrejas evangélicas, de todos os tipos que encontramos. Mas isso é "ao meu ver".

Em 2 Samuel 12:7-8, Deus diz "...e, se isto é pouco, mais te acrescentaria tais e tais coisas. " e essas coisas incluia mulheres, que era o centro da questão no caso de Davi. Nem vou comentar essa passagem... mas acho que isso significa que Deus não acha esse assunto de monogamia/poligamia relevante. Mas percebe-se que o adultério era uma questão relevante. Mas nem por isso Salomão deixou de ser abençoado, e mulherengo.

Aqui no Brasil, temos essa cultura da monogamia, mas em outros paises ainda existe a pratica da poligamia, e temos muitas historias de familias felizes vivendo assim.

Resumindo, não concordo com a maneira que o autor do artigo foi tratado, pois o mesmo foi coerente com as escrituras.

E isso não foi desculpa pra sair adulterando. Foi um ponto de vista colocado de forma respeitosa.

Ao meu ver.


Isaac Trindade da Silva
Estudioso das escrituras, de arqueologia, de história, politica, etc.


Pensando com clareza

Duas partes do meu email foram ignoradas:

Parte 1

Você falou em "Ética cristã". Ao meu ver não existe ética cristã, existe "ética do cristão". O que parece adequado pra um, outros acham inadequado. Basta lembrar a quantidade de doutrinas, e igrejas evangélicas, de todos os tipos que encontramos. Mas isso é "ao meu ver".

Parte 2

Em 2 Samuel 12:7-8, Deus diz "...e, se isto é pouco, mais te acrescentaria tais e tais coisas. " e essas coisas incluia mulheres, que era o centro da questão no caso de Davi. Nem vou comentar essa passagem... mas acho que isso significa que Deus não acha esse assunto de monogamia/poligamia relevante. Mas percebe-se que o adultério era uma questão relevante. Mas nem por isso Salomão deixou de ser abençoado, e mulherengo.

A pergunta é: Porque?

E eu respondo: Porque isso é demais até mesmo pra um pastor, principalmente aqueles formados em teologia biblica.
O fato é que não se pode assumir publicamente a verdade sobre a biblia sagrada. A verdade que a biblia tem grandes contradições. E cada vez que os cristãos se apegam a "palavra que mata" é nisso que dá, muita confusão.

"Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça,para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra."
2 Timóteo 3:16-17

O problema é distinguir "Escritura divinamente inspirada" de palavras de homens, de mitos, de historia, de estórias.
Se todas essas igrejas são guiadas pelo "Espirito Santo", que diacho de espirito santo é esse, que confunde ao invés de esclarecer? Não? Se não confunde, então porque tantas igrejas, diferentes doutrinas de uma mesma palavra?

Até a proxima.

domingo, 8 de agosto de 2010

Canonização dos Santos é apoiada pela Biblia Sagrada?

Segue a abaixo a transcrição do post publicado no site http://www.veritatis.com.br

Onde se encontra a canonização dos santos na Bíblia?

Biblicamente, onde encontramos "canonização de santos mortos", que desde o ano 995 D.C. faz parte da doutrina católica?

A canonização dos santos é tão somente o reconhecimento por parte da Igreja de que uma pessoa está no céu.

Ora, será que os apóstolos não criam que depois da morte e ressurreição de Cristo, os patriarcas e profetas estavam no céu, na presença de Deus?

A própria Escritura dá testemunho de que Abraão foi considerado justo pelos apóstolos (cf. Rm 4,3-9; Gl 3,9; Hb 6,15; Tg 2,23). Este reconhecimento de que Abraão estava no céu com Deus é um exemplo de canonização na própria Escritura e já na era apostólica.

Outro exemplo que podemos citar na própria Escritura é a canonização de Estevão. Diz a Escritura que era homem cheio do Espírito Santo (cf. At 6,8). Quando foi martirizado em nome da Fé em Cristo, viu a Glória do Cristo e pediu ao Senhor que recebesse o seu espírito (cf. At 7,55-59). Será que Estevão não foi para o céu? Claro que sim! E foi considerado santo pelo próprio apóstolo Paulo (cf. At 22,20), que assistiu a pregação de Estevão e corroborou com a sua morte. E o bom ladrão que reconheceu Cristo como seu Salvador e que o próprio Senhor lprometeu levá-lo ao paraíso (Lc 23,43), por acaso não é outro exemplo de canonização feita pela própria Escritura?

A canonização não faz parte da doutrina católica, mas da práxis católica. O que faz parte da doutrina católica é a Comunhão dos Santos, não confundir. A práxis católica de se canonizar santos não apareceu em 995 como sugere o autor da pergunta. Depois das provas bíblicas que mostramos, citaremos por exemplo as obras conhecidas na antiguidade como hagiógrafos (atas da vida dos santos). Os hagiógrafos testificavam o reconhecimento pela Igreja de que uma determinada pessoa ou grupo de pessoas era santo e que já gozava da presença de Deus.

A Igreja desde os primeiros séculos reconhecia os mártires como santos (a exemplo de Estevão, considerado o primeiro mártir da Igreja). Ser um mártir da fé era um critério que não deixava dúvidas se uma pessoa devia ser considerada santa, isto é, um modelo na fé, um herói em Cristo e que estava no céu.

Os hagiógrafos mais citados da antiguidade são as atas dos mártires de Lião (177 d.C) e do Martírio de S. Policarpo de Esmirna (250 d.C.), discípulo de S. João (1).

Como se vê, a canonização dos santos, isto é, o reconhecimento de que uma pessoa venceu a corrida (cf. Cl 2,8) e que está com Deus, é uma prática que consta na Bíblia e que sempre foi observada pelos primeiros cristãos.


Pensando com clareza

Então, onde ficou claro que a biblia sagrada apóia a pratica da canonização?


"A própria Escritura dá testemunho de que Abraão foi considerado justo pelos apóstolos (cf. Rm 4,3-9; Gl 3,9; Hb 6,15; Tg 2,23). Este reconhecimento de que Abraão estava no céu com Deus é um exemplo de canonização na própria Escritura e já na era apostólica."

Vejamos

Romanos 4:3-9

"3 Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.
4 Ora, àquele que faz qualquer obra, não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida.
5 Mas, àquele que não pratica, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça.
6 Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo:
7 Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos.
8 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.
9 Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente ou também sobre a incircuncisão? Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abraão. "

Aqui não vemos nenhum texto confirmando que Abraão está no céu.

Galatas 3:9

"9 - De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão. "

Sem comentários.

Hebreus 6:15
"15- E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa. "

?

Tiago 2,23
"
23 e cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus. "

??

Como se vê, os textos acima demonstram que Abraão foi considerado justo, mas não evidênciam que os apóstolos reconheceram que Abraão esta nos céus, e portanto não se trata de um exemplo de canonização contido na biblia sagrada.


Vejamos o caso de Estevão:

Atos 6:8
"8 E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. "

Atos 7:55-59

"55 Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus,
56 e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus.
57 Mas eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele.
58 E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo.

59 E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. "

"Será que Estevão não foi para o céu?"
Melhor seria: Será que Estevão foi para o céu?

Atos 22:20
20 E, quando o sangue de Estêvão, tua testemunha, se derramava, também eu estava presente, e consentia na sua morte, e guardava as vestes dos que o matavam.

Lucas 23:43

"43 E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso."

O malfeitor virou santo? Qual o nome desse santo?
Oras, onde está escrito que Paraiso e céu é a mesma coisa?

E o terceiro céu mencionado por Paulo em 2 Corintios 12:2

2 Corintios 12:1-4
"
1 Em verdade que não convém gloriar-me; mas passarei às visões e revelações do Senhor.
2 Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos (se no corpo, não sei; se fora do corpo, não sei; Deus o sabe), foi arrebatado até ao terceiro céu.
3 E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe)
4 foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, de que ao homem não é lícito falar.
"
Se carne e sangue não entram no céu, como escritos por Paulo em 1 Corintios 15:50, como Paulo ficou em dúvida se o tal homem foi arrebatado em "no corpo" ou "fora do corpo" ?

1 Corintios 15:50
"
50 E, agora, digo isto, irmãos: que carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção.
51 Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados,
52 num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
"

E os sete céus descritos minusciosamento por Enoque, no Livro de Enoque?

Mais perguntas? Sim, mais perguntas, pois os dogmas e mitos que nos são impostos, se alicerçam na nossa incapacidade de questionar as coisas, no nosso medo de contradizer aqueles que se colocam como os donos da verdade e não consideram que podem estar enganados.

Muita paz pra todos.

Até a próxima.